Todo motorista que dirige à noite, principalmente em estradas, já sofreu com o ofuscamento da visão causada pelo farol do carro que passa no sentido contrário. Essa cegueira momentânea, é causada pela fotofobia, uma sensibilidade excessiva à luz, que aumenta o risco de acidentes mesmo para quem tem visão perfeita.

“Os faróis de xenon são os maiores vilões, pois produzem três vezes mais brilho e provocam fotofobia”, explica o oftalmologista Hilton Medeiros, da Clínica de Olhos Dr. João Eugênio. Para amenizar o desconforto causado pelos faróis à noite, o médico recomenda o uso de óculos com lentes amarelas, pois reduzem o ofuscamento.

A fotofobia geralmente é um sinal de processos inflamatórios no globo ocular, sejam eles intra ou extra-oculares. A dificuldade de adaptação à luminosidade também tem como causas comuns o astigmatismo, a catarata e o olho seco. Com menor freqüência, a fotofobia é provocada por alergia, trauma ou cicatriz na córnea, inflamações e infecções. A aversão à luz atrapalha o dia-a-dia de 3 em cada 10 brasileiros.

Neste período de clima seco, a evaporação da camada aquosa da lágrima aumenta, contribuindo para o agravamento do olho seco e da fotofobia. Quando a fotofobia está relacionada ao olho seco, o tratamento pode ser feito com lágrima artificial (colírio) para diminuir o sintoma imediatamente ou oclusão cirúrgica do ponto lacrimal nos casos mais severos. Dieta rica em vitaminas A e E, e ômega-3, também ajuda a melhorar a qualidade e a quantidade da lágrima. O resultado é mais lento, porém duradouro.

Embora atinja todas as faixas etárias, o desconforto é mais comum entre mulheres e idosos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o olho seco atinge 6,6% das mulheres contra 2,2% dos homens. “Isso ocorre porque a mulher usa mais lente de contato, está exposta a alterações na produção de hormônios sexuais, ao consumo da pílula anticoncepcional e uso incorreto de cosméticos que alteram a lágrima”, afirma o médico.

Pessoas de pele e olhos mais claros também estão mais propensas. Por ter menos pigmentos na íris, quando a luz bate, reflete dentro dos olhos, funcionando como uma caixa espelhada. Em outros casos, o tamanho da pupila pode ser um fator determinante na intensidade da fotofobia. Uma pupila de menor diâmetro, tem menos chances de apresentar fotofobia, já que a quantidade de luz que entra por ela é menor.

Quando a sensibilidade excessiva à luz é decorrente de alguma doença ocular, trata-se a doença. Se não for relacionada a isso, a única forma de minimizar o desconforto é usar óculos escuros em ambientes externos. É importante que as lentes tenham filtro UV (ultravioleta). Caso contrário, aumenta-se o risco de contrair catarata e degeneração da mácula.

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