É comum pessoas com ceratocone, doença que provoca deformidade na córnea, desconhecem ter o distúrbio, pois seus sintomas se confundem com os da miopia e do astigmatismo. A suspeita do ceratocone começa quando o paciente apresenta queixa de baixa visão e aumento progressivo do astigmatismo. A evolução da miopia muito rapidamente também é um forte indício. A doença é classificada em estágios inicial, moderado ou severo e, sem o diagnóstico correto, pode levar à cegueira. Nos casos mais avançados, a única solução é o transplante de córnea.

De acordo com o oftalmologista Hilton Medeiros, da Clínica de Olhos Dr. João Eugênio, as consultas de rotina ao oftalmologista são muito importantes, pois através delas é possível obter um diagnóstico precoce. “Atualmente, existem aparelhos capazes de detectar as formas iniciais do ceratocone e até estágios subclínicos, quando o paciente ainda não apresenta sintomas importantes”, esclarece. Segundo ele, com o diagnóstico precoce é possível retardar a velocidade de progressão do ceratocone ou estabilizá-lo com óculos e lentes de contato.

O oftalmologista Hilton Medeiros conta que a alergia e a coceira facilitam o desenvolvimento do ceratocone, doença caracterizada por um afinamento progressivo da córnea. Originalmente de formato côncavo, quando doente a córnea fica cada vez mais fina, mole e vai tomando a forma de um co- ne. “Isso compromete a visão, e o tratamento, às vezes, pode ser complicado”, salienta.

O ceratocone é classificado em estágios moderado ou severo e se manifesta por miopia e astigmatismo nos olhos. Por isso, é comum que muitas pes- soas tenham o mal sem saber.

Quando a doença evolui, contudo, o paciente pode até perder a visão, que só irá ser recobrada com a utilização de lentes de contato, cirurgias e óculos. “Por isso, a insistência para não coçar os olhos. Há muito tempo, os especialistas já relacionam o surgimento do ceratocone a pacientes alérgicos, pois esses têm histórico de coçar os olhos demais”, justifica.

Segundo o médico, a pressão que o dedo faz nos olhos muda a estrutura da córnea e da fibra ocular, deixando-a mais elástica, e, com isso, aumenta a pressão. E mesmo se expondo a esse risco, a pessoa que insiste em coçar os olhos vai apenas fazê-lo ainda mais. O oftalmologista explica que o ato estoura os mastócitos, células responsáveis pelas reações alérgicas que conduzem os leucócitos até a área afetada, para criar uma vasodilatação. Essa ruptura libera histaminas que aumentam ainda mais a coceira. “É dessa forma que os olhos ficam vermelhos e irritados. O ideal mesmo é não coçar”, salienta.

A evolução do ceratocone acontece em três estágios. “O estágio um é onde o portador enxerga bem com os óculos, no estágio dois os óculos não dão boa visão e o paciente só enxerga com lentes de contatos. E no estágio três é onde nem a lente e nem os óculos ajudam na visão e o paciente precisa de um transplante de córnea”, diz o oftalmologista Jorge Dias, de São José do Rio Preto (SP).

A cirurgia é simples, dura em média 40 minutos e como a córnea é um tecido sem vasos sanguíneos não há sangramento. Os problemas de rejeição são menores.

Em São Paulo, o sistema de transplantes começou a ser organizado há 11 anos e, desde 2009, não há mais fila de espera. O tempo para o paciente ser operado é de no máximo três meses.

Mas a cirurgia só é recomendada em casos mais graves. Hoje apenas 20% das pessoas que têm a doença precisam de transplante. Outra boa notícia é que nos últimos cinco anos novas técnicas de tratamento podem minimizar ou retardar a evolução da doença. “Nos pacientes em estágio um e usam óculos é indicado um tratamento feito para aumentar a resistência da córnea. No estágio dois, existe um tratamento que diminui o grau e melhora a qualidade de visão”, afirma o médico.

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